Nunca vou saber explicar, medir, exemplificar, demonstrar, falar com toda a veracidade e 'conhecimento de causa', sobre a minha experiência de vida em Madrid. Quero dizer, pelo menos, acho. Reformulo, acho que nunca vou saber explicar a minha passagem de seis meses naquela cidade que me fez tão bem. Isso sei que fez. Fez porque me fez sentir intensamente e isso é viver. Fez-me sentir intensamente, ainda que me tivesse desafiado muito. Desafiado a minha mimalhice e não preparação, que de certo, na altura não pensava ter. Madrid foi corajoso comigo. Desafiou os meus limites, a minha sabedoria sobre mim própria e sobre o conhecimento que eu pensava já ter sobre as experiências da vida e sobre sentimentos. O verbo relativizar é um conceito que entra um pouco abruptamente no nosso vocabulário. Observei em mim essa mudança e em amigos meus que fizeram Erasmus. Não queria entrar na onda de dizer “Erasmus é uma experiência com uma unicidade indiscutível e que só quem passa saberá”, porque essas frases são um quanto maçadoras. E Madrid foi mais para mim do que isso. O facto de ainda estar a digerir e a reflectir sem fim a minha experiência na capital espanhola, faz com que a cidade seja deveras especial. Disso não tenho dúvidas. Sempre fui muito abstrata mas ao mesmo tempo assertiva quanto à expressão dos meus sentimentos, a minha veia emotiva sempre esteve bem presente e não instável e eu sempre fui decidida, orgulhosa, dos amigos, cidade que é o Porto, defensora com garras. Não é que já não o seja, mas o que sinto – ou lá o que é isto por Madrid – é algo de extrema complexidade (mas muito bom) para a minha cabeça e neste cérebro que antes de Madrid só viveu com o querido pai e mãe e família fantástica e criança sem qualquer problema de sociabilidade na escolinha. A minha mãe diz que aos 12 anos acordava as 7h30 e punha-me a ver televisão para fazer horas para ir para a escola! Um aparte isto, mas eu devia ser mesmo feliz. Hoje, acordar ao meio dia e ficar enroladinha nos lençois e na almofada é quase um sonho para mim, na verdade um sonho acordado, tal e qual como foi Madrid… J
Quando vejo fotografias minhas de férias, por exemplo, no Algarve, sei que aquilo “valeu a pena”, sinto saudade. De Madrid não sei bem o que sinto. Eu acho que sinto saudade, porque tenho vontade de lá ir, muitas e muitas mais vezes, e de talvez ficar por mais tempo do que uns dias apenas. Também porque da última vez que lá fui, senti o que a verdadeira palavra nostalgia deve significar. É isso. Eu acho que sinto mais nostalgia do que saudade. Que talvez seja ainda mais forte, porque perdura…e dura…e acalma ao mesmo tempo que excita.
Além de conhecer um mundo novo - vá o país vizinho – nuestros hermanos – uma cidade maior que a minha, mais desenvolvida, cuja agitação não me trouxe problema nenhum, até gostava de ir passear sozinha, coisa que detesto fazer aqui na marginal de Leça da Palmeira, deve ser porque isto é tão sossegado que é sempre a mesma coisa e não se vê muita e muita gente a passar e tapar as riscas de uma passadeira por completo. Adoro o facto de acontecer muita coisa. A inércia assusta-me. Sempre me assustou e tenho muito medo disso (o novo síndrome do século XXI – medo e ansiedade – toda a gente vive com ele), tenho medo de não acontecerem coisas. Podem ser boas ou más eu quero é que aconteçam. Porque eu acho que só más única e exclusivamente nunca acontecem. E essa é uma das lições mais valiosas que posso trazer de Madrid. Passei mal, com uma crise de identificação, nos primeiros tempos em Madrid, mas tenho muita coisa para vos contar. Tenho muita coisa guardada “aqui” que é irrepetível e tenho uma certa pena de não o ser.
Tenho 23. O tempo não para. Nem por um segundo. O tempo em Madrid era outro, era o meu tempo. E o tempo de quanto eu penso, quando me afogo nos pensamentos, ou só molho as “pontinhas dos pés” com um ou outro episódio ou recordação de lá, é precioso, rico, como o Palácio Real, a Plaza Mayor, Gran Via, Chueca, Cibelles.
Só me apetecia estar lá. Agora.
Poopaye,
F
Quando vejo fotografias minhas de férias, por exemplo, no Algarve, sei que aquilo “valeu a pena”, sinto saudade. De Madrid não sei bem o que sinto. Eu acho que sinto saudade, porque tenho vontade de lá ir, muitas e muitas mais vezes, e de talvez ficar por mais tempo do que uns dias apenas. Também porque da última vez que lá fui, senti o que a verdadeira palavra nostalgia deve significar. É isso. Eu acho que sinto mais nostalgia do que saudade. Que talvez seja ainda mais forte, porque perdura…e dura…e acalma ao mesmo tempo que excita.
Além de conhecer um mundo novo - vá o país vizinho – nuestros hermanos – uma cidade maior que a minha, mais desenvolvida, cuja agitação não me trouxe problema nenhum, até gostava de ir passear sozinha, coisa que detesto fazer aqui na marginal de Leça da Palmeira, deve ser porque isto é tão sossegado que é sempre a mesma coisa e não se vê muita e muita gente a passar e tapar as riscas de uma passadeira por completo. Adoro o facto de acontecer muita coisa. A inércia assusta-me. Sempre me assustou e tenho muito medo disso (o novo síndrome do século XXI – medo e ansiedade – toda a gente vive com ele), tenho medo de não acontecerem coisas. Podem ser boas ou más eu quero é que aconteçam. Porque eu acho que só más única e exclusivamente nunca acontecem. E essa é uma das lições mais valiosas que posso trazer de Madrid. Passei mal, com uma crise de identificação, nos primeiros tempos em Madrid, mas tenho muita coisa para vos contar. Tenho muita coisa guardada “aqui” que é irrepetível e tenho uma certa pena de não o ser.
Tenho 23. O tempo não para. Nem por um segundo. O tempo em Madrid era outro, era o meu tempo. E o tempo de quanto eu penso, quando me afogo nos pensamentos, ou só molho as “pontinhas dos pés” com um ou outro episódio ou recordação de lá, é precioso, rico, como o Palácio Real, a Plaza Mayor, Gran Via, Chueca, Cibelles.
Só me apetecia estar lá. Agora.
Poopaye,
F