Ter pressa ou não ter pressa, ser apressado, sem sabermos se na realidade até estamos a ser. Não falo de irmos atrasados para o trabalho, a conduzir com o pé bem a fundo no pedal, a pelo menos 50 km à hora numa localidade. Falo numa adrenalina diferente. Bem mais complexa. Não relevante em termos de velocidade (espero eu), mas de choque mortal que pode vir a ser. Desperdiçar acontecimentos, fazer acontecer, esperar... Deixar acontecer naturalmente… Eis as questões que nos circundam todos os dias, com as mais diversas coisas, até com um simples pão no café. “Não sei... Nem sei bem explicar. Desculpa. Não queria pedir desculpa nem estar a dizer que não queria pedir desculpa, nem estar a dizer isto, nem isto, nem isto, nem isto que acabei de dizer”…e estou a dizê-lo, em efeito bola de neve. Uma nata, um croissant, ou o que me está a apetecer é um pão? Queijo, fiambre, ou misto. Devemos ser mais diretos? As camadas são muitas neste pensamento do homem racional que evoluiu do homo sapiens até ao que somos hoje. A mudança é imperativa. Em tudo. O que é hoje, não será daqui a 1 ano. Até nas pessoas que deixam demasiado naturalmente as coisas acontecer, que não sentem, como o Ricardo Reis queria. Que não fazem nada. Que vivem amedrontados. Que vivem conformados. Nem sabem o que é o medo, aliás, porque não têm como sabe-lo. Tais como as da pele, as camadas do pensamento protegem dos danos, fazem-nos sentir arrepios, de frio, de emoção, de medo. De tristeza? As camadas da dor são exatamente como as de uma cebola. Tem que ser descascadas e tratadas e ter alguém que a descasque e chore connosco. Essa é uma certeza que tenho. São os amigos que são encarregues dessa função. Função tão bem definida quanta a palavra amigo o deve ser. Cai, magoei-me e fiquei com um pouco de medo do baloiço que a amizade é. Da adrenalina mais pura e segura e permanente que há a seguir a uma mãe: um amigo. A adrenalina mais sincera, frágil e forte. Um amigo é um clique. É como o amor, na minha opinião. Acho mesmo que uma vez amigo, para sempre amigo. É um botão que se carrega, chamado empatia, talvez, que já mais tem retorno. Só tem on. Claro que esta perspetiva é deveras ingénua. Logo eu, que já deixei alguns amigos. Mas se calhar não eram amigos… não sei. “Esses são outros 5 trocos”, outras suposições, outras dúvidas que nos infernizam o caminho! Que nos moem, que nos mal tratam e que não nos deixam aproveitar o momento. O “mas” e o “se calhar”, que as vezes nos ajudam a expor as coisas, a perceber a decidir. mas também que baralham. Se as historias contadas tivesses mais “e…e….e…”, seriam mais ou menos monótonas e excitantes? Deixa acontecer naturalmente, é dos melhores conselhos que alguém pode dar. O problema é quando estamos sem saber o que fazer. Arriscar ou não? A resposta mais simples e evidente seria, de facto, “deixa acontecer naturalmente” (mas esse conselho não descansa). A minha teoria nos últimos tempos, agora com 23 anos, tem sido “a vida está no fazer”, mas não sei se o aplico sempre. E sinceramente não sei se será pela falta de coragem, porque se tiver que fazer um auto retrato psicológico de mim, das coisas que penso ser meu característico é ser corajosa (ainda bem). Mas depois vem o vento, e mais uma dúvida. E mais uma prova de que, eu, sou insegura. Tenho fragilidades. Sou mulher com mais do que cinco, seis ou sete sentidos que não funcionam bem porque não me dizem o que está certo. É como se fossem um anjo e um diabo, cada um no meu ombro esquerdo e direito, que estão a hibernar! E eu sinto falta deles! De alguma coisa, simbólica, que seja!!! Sentirmo-nos perdidos, não é bom. Não nos sabermos expressar, tão pouco o é. Será que amanhã terei a resposta que quero? Só não quero desiludir-me e não ser corajosa se a resposta que me vier à cabeça e ao coração, correta, seja: vai. Faz. Não tenhas medo. Porque não? A vida são dois dias.